CENÁRIO MUNDIAL

Um G20 com a cara do Brasil

Na presidência do G20, Brasil propõe, como prioritárias, agendas do Sul Global para encontro das maiores economias mundiais: combate à fome, à pobreza e à desigualdade; desenvolvimento sustentável e reforma da governança global

01/12/2023 04:02 - Modificado há 4 meses
Brasil assumiu a presidência simbólica do G20 durante a 18ª Cúpula do G20, na Índia: sustentabilidade e o combate à pobreza nortearão o G20 Brasil | Foto: Ricardo Stuckert / PR

Pela primeira vez na liderança do grupo que reúne as maiores economias do mundo - 19 países mais a União Africana e a União Europeia, o Brasil organizará, ao longo do mandato de um ano à frente do G20, mais de 130 reuniões de grupos de trabalho, que serão realizadas tanto virtual quanto presencialmente, além de cerca de 20 reuniões ministeriais. A culminância desse extenso trabalho será a Cúpula de Chefes de Governo e Estado que será realizada no Rio de Janeiro, entre os dias 18 e 19 de novembro de 2024.

Durante reunião de instalação da comissão que organizará os eventos da presidência brasileira do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre a importância da Cúpula. "Possivelmente esse será o mais importante evento internacional que nós iremos organizar", disse. "A gente vai ter uma reunião histórica no país, que eu espero que possa tratar de assuntos que nós precisamos parar de fugir e tentar resolver. Não é mais humanamente explicável o mundo tão rico, com tanto dinheiro atravessando o Atlântico, e a gente ter tanta gente ainda passando fome".

O Brasil criou três forças-tarefa no âmbito do G20 para ampliar o combate à desigualdade ao longo da presidência brasileira: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a Mobilização Global contra a Mudança do Clima e Finanças e Saúde.

EIXOS – Durante a 18ª Cúpula de Chefes de Governo e Estado, realizada em setembro em Nova Delhi, na Índia, o presidente Lula lançou os três principais eixos da presidência brasileira do G20: o combate à fome, à pobreza e à desigualdade; as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômico, social e ambiental); e a reforma da governança global.

"Se quisermos fazer a diferença, temos que colocar a redução das desigualdades no centro da agenda internacional", afirmou o presidente em seu discurso no encerramento da Cúpula. "Todas essas prioridades estão contidas no lema da presidência brasileira: ‘Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável’".

O desenvolvimento sustentável, que engloba a transição energética e a implementação da economia verde no país, é uma das prioridades brasileiras por representar o principal instrumento de combate às mudanças climáticas. Para o presidente, é um campo em que o Brasil tem tudo para liderar no cenário mundial.

"A transição energética se apresenta para o Brasil como a oportunidade que não tivemos no século 20: de mostrar ao mundo que quem quiser utilizar energia verde para produzir aquilo que é necessário para a humanidade, encontrará no Brasil", disse. "Nosso país é o porto seguro para que as pessoas possam vir, fazer investimentos e fazer com que ele se transforme em um país definitivamente desenvolvido".

Por fim, o presidente explica por que a reforma do sistema de governança internacional é a terceira prioridade brasileira ao longo do mandato: "Queremos maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. A insustentável dívida externa dos países mais pobres precisa ser equacionada. A Organização Mundial do Comércio OMC) tem que ser revitalizada e seu sistema de solução de controvérsias precisa voltar a funcionar. Para recuperar sua força política, o Conselho de Segurança da Organziação das Nações Unidas (ONU) precisa contar com a presença de novos países em desenvolvimento entre seus membros permanentes e não permanentes", reforçou.