ALIANÇA GLOBAL CONTRA A FOME

“Trata-se de colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”, afirma ministro

Para o ministro Wellington Dias, Aliança Global contra a Fome e a Pobreza deve ser um mecanismo prático para mobilizar recursos financeiros no combate à insegurança alimentar. O ministro concedeu uma coletiva de imprensa, no dia 21/02, na sede do G20 em Brasília.

21/02/2024 16:39 - Modificado há 2 meses
Ministro Wellington Dias do MDS durante reunião da Força-Tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza do G20. Roberta Aline/MDS
Ministro Wellington Dias do MDS durante reunião da Força-Tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza do G20. Roberta Aline/MDS

O ministro Wellington Dias do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e coordenador da Força-Tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza do G20, concedeu uma coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (21), na sede do G20 em Brasília. Dias falou na abertura da primeira reunião da força tarefa, que acontece entre os dias 21 e 23/2, por videoconferência.

O foco da reunião será em torno de quatro relatórios elaborados por organizações internacionais sobre enfrentamento à pobreza e à fome, incluindo a produção sustentável de alimentos, a proteção social, a criação de resiliência e os meios de tornar a colaboração internacional mais eficaz. 

Será debatido ainda um termo de adesão dos países interessados em ingressar na Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Todos os membros do G20 devem participar, incluindo a União Africana e a União Europeia. Além de diversos países convidados e dezenas de organismos internacionais como BID, CEPAL, FMI, Banco Mundial, OMC, Unesco, FAO, OMS, Unicef, dentre outros.

De acordo com o ministro Wellington Dias, os relatórios trazem a importância do Estado ter uma gama de políticas públicas, embutidas num marco legal, e com escala e financiamento suficientes. Devido a atual realidade de múltiplas crises, incluindo a climática e ambiental, econômica e os conflitos, a insegurança alimentar e a pobreza crescem novamente no mundo.

O ministro mencionou dados como a renda dos mais ricos ser 38 vezes superior à renda dos mais pobres. Sendo que os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza do planeta, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 2%. Além de que, segundo a FAO, cerca de 735 milhões de pessoas estão passando fome em um planeta com capacidade de produzir comida para o sustento de todos.

O ministro mencionou dados como a renda dos mais ricos ser 38 vezes superior à renda dos mais pobres. Sendo que os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza do planeta, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 2%. Além de que, segundo a FAO, cerca de 735 milhões de pessoas estão passando fome em um planeta com capacidade de produzir comida para o sustento de todos.

“O que queremos com a Aliança é um mecanismo prático para mobilizar recursos financeiros e conhecimento de onde são mais abundantes e canalizá-los para onde são mais necessários. Apoiando assim a implementação e a ampliação da escala das ações, políticas e programas no nível nacional”, defendeu o ministro. 

Alinhamento com agendas globais

A Aliança está baseada em dois princípios: o foco nos mais pobres e vulneráveis e a implementação consistente de políticas nacionais. O grupo propõe a união entre os países para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS 1 e 2, que são a erradicação da fome, da pobreza extrema e a promoção da agricultura sustentável. De acordo com o ministro, a abordagem do grupo pode ter impacto positivo na vida dos mais pobres com uma ação decisiva do Estado e políticas bem direcionadas. “Como diz o nosso Presidente Lula: “trata-se de colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”, afirmou Wellington Dias .

A exemplo de outros países, a experiência no Brasil, com programas como o Bolsa Família, mostra o impacto da implementação de boas políticas públicas contra a fome e a pobreza. O ministro observou que em anos recentes, quando alguns programas foram desvirtuados ou eliminados, a fome voltou e a pobreza cresceu no país. “Estamos lutando agora para reativar esses programas, com ainda mais força, e tirar o Brasil do Mapa da Fome novamente”, afirmou Wellington Dias.

O trabalho da Força Tarefa segue ao longo do ano com novas reuniões no mês de março, em Brasília (DF), e em maio, em Teresina (PI). A expectativa é ter um documento em conformidade com os demais países para ser apresentado, em julho, na Reunião Ministerial no Rio de Janeiro (RJ). Após a reunião ministerial, a intenção é ter condições de expandir a Aliança para além do G20 e chegar na Cúpula, em novembro, no Rio de Janeiro, com o lançamento de uma Aliança de fato global com o máximo de países.

Alimentação saudável

Segundo o ministro Wellington Dias, o tema da alimentação saudável e da comercialização dos produtos de pequenos agricultores foi debatido com medidas concretas. Um exemplo citado durante o encontro, trouxe experiências na África onde a produção de alimentos foi multiplicada apenas com o uso de tecnologia em substituição ao arado de madeira. Situações que revelam a importância da inovação e do apoio à agricultura familiar para a erradicação da pobreza no mundo. Ainda na visão do ministro, é preciso investir no beneficiamento e comércio, “é uma preocupação nossa porque é uma das dificuldades que os relatórios apontam dos mais pobres, eles muitas vezes até conseguem produzir, mas tem dificuldade na hora da comercialização”.

Iniciativa do Presidente Lula

A ideia de formar uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza é uma iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que começou a ser trabalhada quando o Brasil assumiu a presidência do G20. A proposta é oferecer experiências exitosas aos países-membros do grupo e outras nações que queiram adaptar e implementar as políticas públicas em seus territórios. Para isso, a Força-Tarefa busca estabelecer as bases técnicas e negociar as principais características para construção de uma Aliança robusta e autônoma.