SAÚDE E FINANÇAS

O investimento na saúde deve ser constante, defende Tedros Adhanom, da OMS, em entrevista exclusiva ao site do G20

Em entrevista exclusiva para o site do G20, Tedros Adhanom ressalta a necessidade de investimentos contínuos na saúde e a importância de garantir financiamento sustentável para o setor. Ele elogiou a presidência brasileira do fórum por colocar a saúde como prioridade na agenda global.

07/02/2024 19:09 - Modificado há 2 meses
Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, durante a solenidade de lançamento do Programa Nacional para Eliminação de Doenças Determinadas Socialmente do Ministério da Saúde do Brasil | Foto: Walterson Rosa/Ministério da Saúde
Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, durante a solenidade de lançamento do Programa Nacional para Eliminação de Doenças Determinadas Socialmente do Ministério da Saúde do Brasil | Foto: Walterson Rosa/Ministério da Saúde

“Sempre dizemos que a saúde é fundamental, mas em termos de financiamento, a saúde não é devidamente financiada”, pontuou Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), em entrevista exclusiva para ao site do G20. Como exemplo deste cenário, Adhanom contou que o aporte de recursos para saúde durante a pandemia da Covid-19 foi deslocado para outras áreas assim que a situação de emergência sanitária começou a ser controlada.  

“Você vê investimentos em saúde quando há um problema. Por exemplo, quando a pandemia da Covid-19 estava em alta, muitos países entraram em pânico e investiram muito dinheiro. Assim que a situação começou a ser controlada, o investimento na saúde foi deslocado para outros setores. O investimento na saúde deve ser constante. E precisamos procurar financiamento sustentável”, esclareceu. 

Adhanom reconheceu o compromisso da presidência brasileira do G20 de colocar a saúde no centro da agenda do fórum e espera que, além da proposta da rodada de investimentos, o fórum possa avançar em consensos sobre a preparação e respostas à pandemia,  o estímulo à produção local de insumos e medicamentos, a equidade no acesso à saúde a promoção de saúde digital e as relações entre mudanças climáticas e saúde. “Estamos muito gratos ao Brasil por colocar a saúde no centro”, celebrou. 

Está entre as prioridades da presidência brasileira do fórum avançar nos debates sobre a elaboração de uma mecanismo que permitirá que os países troquem o pagamento da Dívida pelo investimento nos resultados para saúde. O tema entrou na pauta do fórum durante a presidência italiana, em 2021. Para Adhanom, a proposta é inovadora e importante  para a melhoria do financiamento global em saúde. “A OMS dá total apoio. Esperamos que os países do G20 concordem, e não apenas o G20, mas os países mesmo fora do G20 concordem, e que sigamos em frente”, salientou. 

Rodada de investimentos em saúde

De acordo com o chefe da OMS, a organização tem discutido financiamento para apoiar os países em desenvolvimento por meio de uma proposta chamada ‘WHO Investment Round’ (rodada de investimento da OMS, na tradução). A medida planeja acelerar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) reunindo investidores interessados em salvaguardar a política global de saúde. 

“A rodada de investimentos da OMS procura garantir um financiamento previsível como base para uma economia estável; aumentar o financiamento flexível para reduzir as bolsas persistentes de pobreza; e permitir que a OMS sustente e desenvolva ainda mais os sistemas e capacidades necessários para cumprir as suas funções essenciais em apoio à seus Estados-Membros”, explica o relatório da 154.ª reunião do Conselho Executivo da instituição, realizada em dezembro de 2023. 

A medida foi um dos temas discutidos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Nísia Trindade, ministra da Saúde. “Este financiamento que poderia ser gerado é flexível para que possamos apoiar os países que necessitam do nosso apoio com base nas suas prioridades”, propôs Adhanom.