ECONOMIA DIGITAL

No Brasil, Manuel Castells defende que as desigualdades sociais aprofundam a polarização no mundo

Em evento no Senado brasileiro, o pensador espanhol analisou as relações entre a política, a democracia, a revolução da comunicação digital e o papel das instituições num mundo em múltiplas crises. Castells destacou que a globalização descontrolada, a desigualdade social extrema e a reação às mudanças culturais são fatores importantes para a radicalização do debate político na conjuntura.

25/03/2024 13:16 - Modificado há um mês
O sociólogo e professor espanhol Manuel Castells em aula magna no Senado Brasileiro: “O diálogo é o processo mais importante da democracia” | Foto: Pedro França/Agência Senado
O sociólogo e professor espanhol Manuel Castells em aula magna no Senado Brasileiro: “O diálogo é o processo mais importante da democracia” | Foto: Pedro França/Agência Senado

O sociólogo espanhol Manuel Castells defendeu que a desigualdade social extrema, resultado de diferentes crises e de um processo de globalização descontrolada, e a reação às mudanças culturais são fatores para o aprofundamento da polarização no mundo. A afirmação foi feita durante aula magna que integra as atividades de comemoração aos 200 anos do Senado Federal do Brasil, nesta segunda (25) em Brasília. 

“Vivemos diferentes crises, uma globalização descontrolada. Há uma desigualdade social extrema. Como podemos pensar que as pessoas vão continuar aceitando os níveis de desigualdades que nós temos e que são traduzidas em tudo: receitas, patrimônio e educação? É normal que as pessoas entrem em períodos de oposição violenta. Há uma mudança tecnológica fundamental e sem regulação e as pessoas têm pânico pelas tecnologias. Tem o nacionalismo como resposta à globalização, que deslegitima os Estados-nação, e as crises das instituições morais fundamentais. Há reações violentas na sociedade contra todos os avanços que foram feitos em questões como direitos humanos, das mulheres, ecologia”, descreveu Castells. 

Sobre a radicalização do debate público, Castells indicou ainda a necessidade de retorno ao diálogo, condição fundamental para a democracia e o consenso. “O diálogo é o processo mais importante da democracia, que seja dentro de marcos civilizados. Os conflitos sempre existirão, a questão é como lidamos institucionalmente com esses conflitos”, indicou.

Sobre a radicalização do debate público, Castells indicou ainda a necessidade de retorno ao diálogo, condição fundamental para a democracia e o consenso. “O diálogo é o processo mais importante da democracia, que seja dentro de marcos civilizados. Os conflitos sempre existirão, a questão é como lidamos institucionalmente com esses conflitos”, indicou. 

À luz do debate sobre a evolução das tecnologias da comunicação e seus impactos para a política, o autor também discutiu a proposta teórica descrita em sua mundialmente conhecida obra “Sociedade em Rede”, publicada em 1996, que discute a noção de uma sociedade organizada a partir de um sistema de comunicação tecnológica. 

“Sociedade digital não é um nome para a sociedade em rede. A sociedade em rede é uma estrutura social onde tudo é organizado ao redor das redes de comunicação de todo o tipo. A sociedade digital é a plataforma tecnológica sob a qual é feita a sociedade em rede. E a sociedade em rede, que eu observei há 30 anos, agora é manifestada em tudo e sob a base da digitalização plena. É algo diferente, mas totalmente articulado”, explicou.

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