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Na Cúpula do G7, Lula propõe governança global de Inteligência Artificial

O presidente do Brasil, que participa pela oitava vez de uma cúpula do G7, chamou a atenção para a concentração de dados nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, o que é ainda mais acentuado no desenvolvimento da inteligência artificial. No G20, o tema é ponto de debate pelo Grupo de Trabalho de Economia Digital.

15/06/2024 16:04 - Modificado há 4 meses
Lula recebeu uma homenagem dos trabalhadores do G7, no Hotel Borgo Egnazia, em Puglia, na Itália. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que preside também o G20 neste ano, está participando da Cúpula do G7, na região da Apúlia, na Itália, a convite da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. Na sexta-feira, 14 de junho, na sessão de trabalho do G7 sobre inteligência artificial, energia, África e Mediterrâneo, o presidente pode discursar, colocando suas contribuições ao tema que também é central aos países do G20 por meio do Grupo de Trabalho de Economia Digital, na Trilha de Sherpas.

Ao início de seu pronunciamento, Lula pontuou que atualmente o Brasil preside o G20 num contexto de múltiplos e novos desafios, sendo os principais nos campos digital e climático. “Conduzir uma revolução digital inclusiva e enfrentar a mudança do clima são dilemas existenciais do nosso tempo. Precisamos lidar com essa dupla transição tendo como foco a dignidade humana, a saúde do planeta e um senso de responsabilidade com as futuras gerações”, declarou.

Na área digital, o presidente chamou a atenção para a concentração de dados nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, o que é ainda mais acentuado no desenvolvimento da inteligência artificial (IA), cujos benefícios considera que devem ser compartilhados por todos. “Interessa-nos uma IA segura, transparente e emancipadora. Que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação. Que potencialize as capacidades dos Estados de adotarem políticas públicas para o meio ambiente e que contribua para a transição energética”, afirmou.

Para além, o presidente do Brasil ressaltou a importância de uma IA que desenvolva a economia digital dos países do Sul Global, mas que, sobretudo, seja uma ferramenta para a paz, não para a guerra. A defesa é por uma governança internacional e intergovernamental da inteligência artificial, em que todos os Estados tenham assento.

Combate às desigualdades

Neste sábado, Lula apresentou, em coletiva de imprensa, um balanço de seus compromissos internacionais em Genebra, na Suíça, e em Borgo Egnazia, na Itália. Na oportunidade, o presidente do Brasil reforçou que convidou os líderes com quem se reuniu durante as agendas para participar ativamente do G20.

“Convidei todos para entrarem na briga contra a desigualdade, contra a fome e a pobreza. Não é possível que você tenha meia dúzia de pessoas que têm mais dinheiro que o PIB da Inglaterra, que o PIB da Espanha, que o PIB de Portugal e que o PIB da Alemanha juntos. Não é possível. Não é possível que tão poucos tenham tanto dinheiro e muitos tenham tão pouco. É preciso dar um certo equilíbrio se a gente quiser acabar com a fome, se a gente quiser fazer justiça social nesse país”, destacou o presidente à imprensa.

Na Cúpula, Lula também falou sobre a proposta de tributação internacional justa e progressiva que o Brasil defende no G20. “Já passou da hora dos super-ricos pagarem sua justa contribuição em impostos. Essa concentração excessiva de poder e renda representa um risco à democracia”, argumentou. O presidente afirmou, ainda, que o apoio de todos os presentes na reunião desta sexta-feira à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a ser lançada na Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, será fundamental para acabar com a fome e a pobreza no mundo.

Sobre o tema da África, Lula sinalizou que o continente, com seus 1,5 bilhão de habitantes e seu imenso e rico território, tem enormes possibilidades para o futuro. “A força criativa de sua juventude não pode ser desperdiçada cruzando o Saara para se afogar no Mediterrâneo. Buscar melhores condições de vida não pode ser uma sentença de morte”, frisou. Em 1º de dezembro, a África do Sul assume a presidência do fórum das maiores economias do mundo.

A Cúpula do G7

A Cúpula, neste ano, iniciou-se no dia 13 de junho e encerra seus trabalhos hoje, 15 de junho, reunindo líderes dos sete estados membros (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) bem como o presidente do Conselho Europeu e a presidente da Comissão Europeia. “A Cúpula do G7 deste ano tem temas urgentes, como o desenvolvimento sustentável, a transição verde, a digitalização e a inteligência artificial. O Brasil tem uma missão que faz parte dos seus princípios de política externa e que tem na paz uma questão central”, destacou o embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca. Trata-se da oitava participação de Lula em cúpulas do grupo.

Além do Brasil, foram convidados para a reunião do G7 o Papa Francisco e os seguintes países: África do Sul, Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Índia, Jordânia, Mauritânia (representando a União Africana), Quênia e Turquia. Entre os organismos internacionais, os convidados são: União Europeia (com status de observadora no G7), Organização das Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.