G20 SOCIAL

Mulheres no comércio internacional: B20 coordena debate inédito no G20

Em workshop com participação de 27 países, o grupo de engajamento Business20 discutiu as condições e necessidades das mulheres no mundo dos negócios. Entre os temas, estiveram os cenários locais, regionais e globais, bem como o papel dos governos e dos mercados na implementação de políticas de incentivo.

24/04/2024 11:35 - Modificado há 10 dias
As mesas de debate do evento foram compostas apenas por mulheres. Foto: Divulgação CNI
As mesas de debate do evento foram compostas apenas por mulheres. Foto: Divulgação CNI

No Brasil, 45% dos microempreendimentos individuais são coordenados por mulheres, de acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Ao pensar em negócios de médio e grande porte, há uma queda significativa no percentual de mulheres como proprietárias de empresas. O Centro de Comércio Internacional (ITC) indica que no país apenas 14% das empresas exportadoras são predominantemente de propriedade feminina. 

Um número não tão mais animador em escala global. Mesmo com tamanhas diferenças entre os países do G20, a desigualdade entre homens e mulheres no comércio exterior é uma similaridade. Internacionalmente, são cerca de 20% as empresas exportadoras em posse de mulheres, concluiu o ITC.

Quais são as condições que explicam estes números e qual papel dos Estados e do mercado para enfrentar essa desigualdade? Esse foi o tema norteador do evento “Women in Trade Iniciative”, promovido pelo Business20 (B20) nesta terça-feira (23), em Brasília/DF. O encontro ocorreu na Confederação Nacional da Indústria (CNI), instituição que coordena o grupo de engajamento durante a presidência brasileira do G20.

“Uma maior participação das mulheres no comércio internacional impacta de duas formas: gera um aumento de inovação, de produtividade, de melhoria dos benefícios econômicos para as empresas e para os países;  e traz um maior empoderamento econômico para as próprias mulheres”, colocou Constanza Negri, chair do B20, ao salientar que fazer esse debate pelas lentes do G20 é uma iniciativa inédita. 

Debates

O workshop contou com participação de representações de 27 países e na sessão de abertura, “Rumo à uma política comercial neutral de gênero”, a painelista foi Marion Jansen, diretora de Comércio e Agricultura da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidade parceira da CNI na organização do evento. Conforme a OCDE, há uma lacuna adicional que não pode ser explicada apenas pelas características das empresas, mas que pode estar relacionada a diversos obstáculos enfrentados pelas mulheres ao se envolverem no comércio internacional, incluindo o acesso limitado a financiamento, restrições de tempo devido a responsabilidades familiares e falta de acesso a uma rede de contatos profissionais.

Da esquerda para direita, Tatiana Prazeres (G20), Constanza Negri (B20) e Janaína Gama (W20). Foto: Divulgação/CNI
Da esquerda para direita, Tatiana Prazeres (G20), Constanza Negri (B20) e Janaína Gama (W20). Foto: Divulgação/CNI

Nas duas mesas seguintes, compostas em totalidade por mulheres painelistas e mediadoras, debateu-se as circunstâncias globais, regionais e locais que obstaculizam a ascensão feminina no mercado e as perspectivas do setor privado em relação ao tema. Ressaltou, ainda, o impacto da tripla jornada da mulher para um desempenho pleno na área de negócios; as condições de networking para essas empresárias; e os benefícios da digitalização e do uso da internet para empreendimentos femininos.

Ademais, ao tratar dos papéis de governo e empresas, salientou-se a necessidade de uma intersecção entre as duas esferas na busca por soluções, com políticas públicas e políticas internas de incentivo, por meio de consultorias, capacitações, crédito e compra de negócios femininos. Um exemplo apresentado foi o programa do governo chileno “ProChile - Mujer Exporta”, coordenado pelo Ministério das Relações Exteriores do país andino. O programa trabalha com pesquisas, diagnósticos e criação de redes, em cooperação comercial com diversos países do Continente Americano.

As necessidades de incluir mulheres nos processos de decisões das políticas e de se debater gênero de forma transversal também estiveram em pauta no workshop do B20.

Diálogo entre grupos

Participaram da atividade Janaína Gama, co-head do Grupo de Engajamento Women20, e Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que coordena o Grupo de Trabalho de Comércio e Investimentos do G20. Ambas tiveram momentos de fala na abertura do evento. Uma iniciativa de colaboração entre os grupos e de troca entre a Trilha de Sherpas e o G20 Social, um dos principais objetivos do G20 Brasil.

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