FINANÇAS SUSTENTÁVEIS

“Há uma grande oportunidade para o Brasil se tornar cada vez mais integrado nas cadeias de valor globais”, avalia Janet Yellen, secretária do Tesouro Americano

Em debate com Marina Silva, ministra do MMA, secretária do Tesouro Americano avalia potencial brasileiro nos processos globais de transição energética e destaca que EUA será um parceiro sólido nesses esforços. Debate foi realizado como evento paralelo às reuniões da Trilha de Finanças do G20, que acontecem nesta semana em São Paulo.

27/02/2024 17:57 - Modificado há 3 meses
Em debate na AmCham, Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) do Brasil; e Janet Yellen, secretaria do Tesouro dos Estados Unidos falam sobre finanças sustentáveis. Crédito: Audiovisual G20 Brasil
Em debate na AmCham, Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) do Brasil; e Janet Yellen, secretaria do Tesouro dos Estados Unidos falam sobre finanças sustentáveis. Crédito: Audiovisual G20 Brasil

Brasil e Estados Unidos têm as duas maiores economias e os maiores contingentes populacionais das Américas. Compartilham, ainda, valores e objetivos estratégicos como a defesa da democracia, promoção do trabalho digno e enfrentamento à crise climática. Esses pontos foram centrais no debate entre Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) do Brasil; e Janet Yellen, secretaria do Tesouro dos Estados Unidos; promovido pela Câmara de Comércio Americana (AmCham Brasil), nesta terça-feira, 27/2, como evento paralelo às reuniões de vice-ministros de Finanças e vice-presidentes de Banco Central do G20, em São Paulo. 

Yellen parabenizou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela aprovação da reforma tributária “histórica” e avaliou que o Brasil está à frente da oportunidade de se tornar cada vez mais integrado às cadeias de valor global e contará com os Estados Unidos como um parceiro sólido nesses esforços. “Temos buscado lutar contra tarifas excessivamente altas para a exportação e isso pode tornar o Brasil ainda mais atraente para investidores, criando oportunidades adicionais para ambas economias”, disse. 

A secretária do Tesouro Americano destacou que o Brasil está particularmente beneficiado nos processos de transição para a neutralidade em carbono, pois tem a vantagem de ter a grade energética baseada em energias renováveis, “o que vai se tornar um ativo essencial, enquanto economias no mundo inteiro têm que internalizar cada vez mais os custos da emissão de carbono”. 

“Vocês também têm a Bacia Amazônica, um importante ativo para ajudar a mitigar a emissão de carbono e pode ser um grande alvo de investimento, para as economias brasileira e americana, em alimentos baseados em plantas e na indústria de cosméticos não poluentes”, explicou Janet Yellen.

Plano brasileiro 

Marina destacou o esforço do governo brasileiro concentradas no Plano de Transformação Ecológica, em implementação pelo Ministério da Fazenda, bem como as ações para redução do desmatamento e controle das atividades ilegais; criação de mecanismos de incentivo à manutenção da floresta como a política de bioeconomia, agricultura de baixo carbono, restauração florestal, reindustrialização verde, infraestrutura sustentável. Silva ressaltou também a realização da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP) 30 no país, em 2026, e a mobilização de recursos e privados para projetos para a transição sustentável

“Estão reunidas as maiores e melhores condições para abrir um portal de oportunidade para as relações bilaterais entre Brasil e os Estados Unidos. Devemos continuar buscando sinergias explorando temas como mercado de carbono, finanças sustentáveis, proteção de florestas e cadeias de suprimentos, bem como investimentos para que nossas cidades se tornem mais sustentáveis e resilientes”, pontuou a ministra brasileira, que também falou sobre os projetos de mitigação da crise climática focados nas áreas urbanas. 

"Nossos países têm que estar alinhados e trabalhar juntos em razão de algumas questões que são muito importantes. Somos as duas maiores democracias ocidentais e vivemos desafios enormes de estabilizá-la sem que o investimento climático, econômico e social fique prejudicado. Essa ajuda mútua por resultados que atendam a necessidade das pessoas em todos os setores é fundamental", concluiu Marina Silva.