GT COMÉRCIO E INVESTIMENTOS

Dados são essenciais para debater a participação feminina no comércio exterior

De acordo com o Centro de Comércio Internacional (ITC), globalmente, apenas cerca de 20% das empresas exportadoras são de propriedade de mulheres. Por isso, a necessidade de acelerar o progresso em direção ao comércio internacional inclusivo, envolvendo iniciativas para promover a maior participação das mulheres, tem sido enfatizada pelos membros do G20 nos últimos anos. Um dos desafios é a falta de dados.

25/04/2024 17:38 - Modificado há 5 dias
Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do MDIC, defendeu maior uso de dados para medir a participação feminina no comércio exterior.
Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do MDIC, defendeu maior uso de dados para medir a participação feminina no comércio exterior.

A participação feminina no comércio internacional ainda não é expressiva. Empresas lideradas por mulheres têm menos probabilidade de acessar mercados estrangeiros e se beneficiar dessas oportunidades. De acordo com o Centro de Comércio Internacional (ITC), globalmente, apenas cerca de 20% das empresas exportadoras são de propriedade de mulheres. Por isso os membros do G20 têm enfatizado, nos últimos anos, a necessidade de acelerar o progresso em direção ao comércio internacional inclusivo que envolva iniciativas para impulsionar a participação das mulheres.

A questão foi debatida na reunião do grupo de trabalho de Comércio e Investimentos que aconteceu nesta quinta-feira (25) na sede do G20, em Brasília. O grupo também discutiu o desenvolvimento sustentável, a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) e o fortalecimento do Sistema Multilateral de Comércio.

Segundo Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), de maneira geral, a grande maioria dos países-membros do G20 medem a participação das mulheres na economia. Mas chama a atenção o fato de boa parte deles não terem dados desagregados sobre a participação das mulheres no comércio internacional. 

O termo dados desagregados se refere à separação das informações coletadas em unidades menores para revelar tendências e padrões subjacentes. Podem identificar, por exemplo, o sexo, a raça ou a idade de determinados grupos populacionais para medir a participação no comércio exterior.

Reunião do grupo de trabalho de Comércio e Investimentos do G20. Crédito: Audiovisual G20 Brasil
Reunião do grupo de trabalho de Comércio e Investimentos do G20. Crédito: Audiovisual G20 Brasil

Inclusive, no Brasil, existe interesse em entender melhor as metodologias para medir e capturar, por exemplo, a participação das mulheres nas exportações de serviços. “Nós sabemos que o setor de serviços é especialmente dinâmico, ou seja, o comércio internacional de serviço cresce a um ritmo mais alto do que o comércio internacional de bens. E, ainda assim, há poucos países que têm dados sobre a participação de mulheres no comércio de serviços”, explicou Tatiana.

Prazeres revelou que, durante a reunião, foi compartilhado com os representantes dos países-membros do G20 informações de um estudo da Secretária de Comércio Exterior do MDIC que fez uma radiografia da participação das mulheres brasileiras no comércio exterior. O trabalho revelou, por exemplo, que apenas 14% das empresas exportadoras no país são lideradas por mulheres. Tatiana reforçou que o ponto central na questão é a necessidade de dados para que políticas públicas possam ser desenvolvidas com base em evidências. Segundo a coordenadora, houve um grande interesse dos membros nesse tema.

Um dos objetivos do grupo de trabalho é consolidar um compêndio de melhores práticas dos países do G20 a respeito de políticas para ampliar a participação feminina no comércio. A próxima reunião do grupo será nos dias 27 e 28 de junho no Rio de Janeiro (RJ).

Comércio e desenvolvimento sustentável

A crise climática apresenta uma série de novas incertezas e desafios para o comércio internacional. Diante dessa realidade, é importante debater a ligação entre comércio de desenvolvimento sustentável. Para o embaixador Fernando Pimentel, diretor do Departamento de Política Comercial do Ministério das Relações Exteriores, os dois temas podem se complementar e ajudar a evitar impactos negativos desnecessários às trocas comerciais. “Mesmo diante da prioridade atribuída ao desenvolvimento sustentável por todos os países do G20, há ainda pouca normatização sobre as melhores maneiras de abordar essas políticas que trazem impacto significativo sobre o comércio internacional”, disse. 

De acordo com o embaixador, é necessário buscar um entendimento entre os países do G20 e o grupo tem discutido um conjunto de princípios, parâmetros e balizas que poderão orientar a formulação de políticas públicas.

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