IMPRENSA JOVEM

“Coisa de gente grande”: jovens e crianças farão cobertura do G20

Parceria firmada entre o G20 Brasil e o projeto Imprensa Jovem busca dar espaço para que estudantes da rede pública municipal de São Paulo participem da cobertura jornalística do G20 e ajudem a expandir os debates para escolas e lares. Desde sua criação, quase 100 mil jovens já passaram pelo projeto. Hoje, a iniciativa conta com cerca de 385 equipes na capital paulista e, desde 2020, tem reconhecimento mundial da Unesco.

25/01/2024 08:14 - Modificado há 3 meses
Em 18 anos de história, o Imprensa Jovem teve chance de entrevistar grandes personalidades, entre elas Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica, e Pelé, o rei do futebol. Foto: Acervo/Imprensa Jovem
Em 18 anos de história, o Imprensa Jovem teve chance de entrevistar grandes personalidades, entre elas Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica, e Pelé, o rei do futebol. Foto: Acervo/Imprensa Jovem

G20? Um novo game online, um modelo de carro, um tipo de vírus? Os estudantes da Imprensa Jovem já sabem exatamente do que se trata: um dos principais fóruns de cooperação internacional, este ano presidido pelo Brasil. A partir de uma articulação junto às secretarias municipais de Relações Internacionais e Educação de São Paulo, jovens alunos da rede pública de ensino paulistano farão a cobertura jornalística das agendas do G20 - com destaque para as reuniões presenciais que ocorrerão na cidade. A produção será veiculada prioritariamente no canal do projeto.

Entre os objetivos da parceria, aproximar o G20 da sociedade civil, simplificar os temas tratados e construir pontes por meio da educação. O Imprensa Jovem surgiu em 2005, por vontade dos próprios estudantes, preocupados em levar assuntos da comunidade para a programação das rádios escolares. Hoje são cerca de 385 equipes espalhadas na cidade, somando mais de sete mil alunos participantes. Desde sua criação, quase 100 mil jovens já passaram pelo projeto, todos da rede municipal de ensino.

De um lado, uma oportunidade única para que os estudantes, com a chance de entrevistar ministros, embaixadores e outras autoridades dos cinco continentes sobre os mais diversos temas que o G20 aborda, trazendo o olhar dos jovens para temas prementes e desafios do mundo contemporâneo. Do outro, uma maneira de aproximar os debates e soluções propostos pelo G20 da vida dos brasileiros e brasileiras, levando-os às sala de aula e às casas das famílias dos jovens participantes do projeto.

“O diálogo entre estudantes, sejam crianças ou adolescentes, e os especialistas do G20 não apenas reduzirá a aridez do tema, mas também abrirá espaço para a criação de conteúdos mais atrativos e relevantes para os jovens. Eles têm capacidade de trazer informações que vão dialogar com os seus amigos e amigas nas suas comunidades, criar uma comunicação de estudante para estudante”, explica o professor Carlos Lima, coordenador do Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de São Paulo.

Você foi aquela criança ou adolescente que bolava planos de conquista mundial com os amigos? Pois é, os alunos do Imprensa Jovem terão a chance de estar exatamente com aqueles que, em parte, decidem os rumos da economia e da política mundial. O início da cobertura já tem data. Será na segunda quinzena de fevereiro, quando ocorre em São Paulo, no Pavilhão da Bienal, a primeira reunião de ministros de Finanças e de presidentes de bancos centrais de países do G20. O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, já confirmou presença no evento.

“A participação de crianças na cobertura do G20 é uma excelente oportunidade para levar o tema do G20 para dentro de casa. Nada melhor do que o questionamento de uma criança ou adolescente para tirar os adultos da zona de conforto. Ao serem confrontados com uma pergunta do tipo ‘Pai, mãe, o que é G20? O que é um sherpa?’, os pais terão de se informar para dar uma resposta que traduza o G20 para o cotidiano das famílias”, afirma Carlos Alberto Jr., coordenador de comunicação do G20 pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República. “Ao garantir acesso dos jovens à cobertura das reuniões, também cumprimos o objetivo de esclarecer a população sobre um tema tão relevante para o futuro do planeta”, destaca.

Enganam-se os que pensam que pela idade eles não levam as pautas à sério. Provando que o G20 é coisa de gente grande, mas também de gente pequena, Vitória Calado, de 14 anos, estudante do Imprensa Jovem, entende a parceria especialmente como uma oportunidade de integrar a juventude aos debates de economia. “A melhor forma do G20 cativar os jovens, é possibilitar a compreensão de que a economia é algo que impacta tanto o presente quanto o futuro. Além disso, promover a escuta efetiva da juventude na economia global, afinal, somos a próxima geração, temos que ter participação desde a base”, colocou a aluna da Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Duarte, que almeja estudar Relações Internacionais no futuro.

O hoje ministro já foi sabatinado pela Imprensa Jovem em outras oportunidades, quando prefeito de São Paulo. Foto: Acervo/Imprensa Jovem
O hoje ministro já foi sabatinado pela Imprensa Jovem em outras oportunidades, quando prefeito de São Paulo. Foto: Acervo/Imprensa Jovem

A iniciativa produz desde revistas e gibis até videocasts. Outra atividade é a Cápsula do Futuro, movimento criado pelos estudantes para dinamizar temas de relevância social por meio de vídeo-cartas que circulam nas redes sociais. Com início durante os jogos Pan-Americanos de 2023, no Chile, deve continuar até as Olimpíadas deste ano, 2024, que ocorrerão na França. A Imprensa Jovem é reconhecida internacionalmente, sendo, desde 2020, tida pela Unesco como prática de Alfabetização Midiática Informacional a ser replicada no mundo. Tramita na Câmara Municipal de São Paulo um projeto de lei para que a iniciativa se torne política pública na cidade.

O que é educomunicação?

A educomunicação é uma proposta pedagógica que utiliza as mídias a serviço da educação. Esta abordagem é caracterizada por um conjunto de práticas que visam desenvolver habilidades para além daquelas inerentes ao campo da comunicação social (escrita, oralidade, fotografia, edição), incentivando o protagonismo juvenil e trabalhando a análise crítica dos estudantes, com conhecimento, cultura, criatividade e colaboração.