EMPODERAMENTO DE MULHERES

Brasil apresenta prioridades do GT de Empoderamento de Mulheres na Conferência da Mulher da ONU (CSW)

Comitiva brasileira dialogou sobre as prioridades do G20 com diversos países e participou de dois eventos no âmbito do grupo.

16/03/2024 13:39 - Modificado há 2 meses
Em 2024, a 68ª Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) discutiu a realidade das mulheres em conflitos no mundo | Foto: Claudio Kbene/PR
Em 2024, a 68ª Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) discutiu a realidade das mulheres em conflitos no mundo | Foto: Claudio Kbene/PR

O Brasil levou para a 68ª Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW, na sigla em inglês) as pautas que serão debatidas com o Grupo de Trabalho sobre o Empoderamento de Mulheres do G20, coordenado pelo Ministério das Mulheres. A ministra, Cida Gonçalves, e a primeira-dama, Janja Lula da Silva, assim como a delegação brasileira, discutiram sobre os temas prioritários do Brasil para as mulheres em reuniões bilaterais e encontros durante a semana de programação da CSW.

O tema da presidência do Brasil na reunião do G20 deste ano é “Construir um mundo justo e um planeta sustentável”, representando o compromisso com uma governança mais equitativa, que coloque o combate às desigualdades e a inclusão social como prioridade dos países. O ano de 2024 é o primeiro do Grupo de Trabalho sobre Empoderamento de Mulheres no G20, o que permitirá reforçar o compromisso do governo brasileiro com o enfrentamento da desigualdade de gênero.

Criado para apoiar os Ministérios responsáveis ​​pela condução de políticas para a igualdade de gênero nos países do G20, a institucionalização de um GT sobre o Empoderamento das Mulheres representa o compromisso assumido pelos Estados-membros com o empoderamento de meninas e mulheres.

Para a coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Empoderamento de Mulheres do G20, Ísis Táboas, a desigualdade de gênero continua a ser uma das mais profundas em todo o mundo, e o governo brasileiro reconhece que a promoção da igualdade desempenha papel fundamental na construção de um futuro sustentável e justo.

“É um privilégio para o Brasil sediar a primeira reunião do Grupo de Trabalho sobre Empoderamento das Mulheres no G20, reforçando nosso compromisso inabalável em enfrentar o desafio generalizado da desigualdade de gênero. Além disso, no âmbito do G20, a criação deste Grupo de Trabalho representa a continuidade no compromisso do G20 com a igualdade de gênero, que começou em 2015, com a criação do W20, e foi reforçado em 2019, com a criação do Empower”, destacou a assessora do Ministério das Mulheres fazendo referência aos dois grupos que contemplam a participação da sociedade civil. Sua fala aconteceu no evento “Igualdade de gênero, disparidade de saúde das mulheres e economia do cuidado: a voz do W20 Brasil no G20 2024”,  que ocorreu em Nova Iorque na última quarta-feira (13).

Alinhado com a Declaração dos Líderes de Nova Delhi do G20 sobre Igualdade de Gênero e Empoderamento de todas as Mulheres e Meninas, o Brasil propôs que o Grupo de Trabalho se concentre na igualdade e empoderamento econômico das mulheres, que inclui a saúde e a economia do cuidado; enfrentar a violência e a discriminação baseadas no gênero e; promover justiça climática para mulheres.

Justiça climática

Já no painel “Filantropia para Justiça de Gênero: como as fundações podem ajudar a cumprir as prioridades do G20 no Brasil”, que também ocorreu na quarta-feira (13) em paralelo à 68ª CSW, Ísis Táboas reafirmou o compromisso do governo brasileiro em elaborar e construir mecanismos duradouros de apoio econômico aos processos de transformação social destinados a promover a igualdade, os direitos humanos e a democracia.

“O Ministério das Mulheres do Brasil reconhece a magnitude do desafio financeiro para a igualdade de gênero e está empenhado em planejar e construir mecanismos de financiamento público, que possam melhorar e expandir o apoio às mudanças necessárias para construir e fazer cumprir os direitos humanos das mulheres”, afirmou.

De acordo com Táboas, no contexto da justiça climática, as meninas e as mulheres sofrem impactos desproporcionais das alterações no meio ambiente, o que torna essencial discutir a alocação de recursos financeiros para abordar estas disparidades relacionadas ao gênero, considerando a sua natureza interseccional. “É também fundamental aumentar a participação das mulheres nos espaços de tomada de decisão locais e globais relativos à justiça climática”, acrescentou.

Pedro Martins Simões, da equipe de coordenação do G20 no Ministério das Relações Exteriores, também acompanhou os eventos.

Bilaterais com G20

Comitiva brasileira, chefiada pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, acompanhada da primeira-dama, Janja Lula da Silva, | Foto: Claudio Kbene/ Audiovisual PR
Comitiva brasileira, chefiada pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, acompanhada da primeira-dama, Janja Lula da Silva, | Foto: Claudio Kbene/ Audiovisual PR

Durante a semana de participação da delegação brasileira, nas reuniões bilaterais, a ministra Cida Gonçalves conversou com suas pares e demais autoridades de outros países sobre a cúpula do G20 no Brasil.

No segundo dia de CSW, a chefe da delegação brasileira se reuniu com a ministra das Mulheres e das Finanças da Austrália, Katy Gallagher, e conversou sobre as pautas prioritárias do G20 e como as duas nações podem trabalhar juntas para enfrentar a desigualdade de gênero. A ministra Cida Gonçalves disse que aguarda a colega australiana no Brasil, na reunião das altas autoridades do G20, que ocorrerá no país no segundo semestre.

O fórum também foi pauta na reunião com a ministra da Mulher, da Igualdade de Gênero e da Juventude do Canadá, Marci Ien. A ministra Cida Gonçalves e Janja Lula da Silva expuseram os eixos principais propostos pelo Grupo de Trabalho Empoderamento de Mulheres do G20 e como as pautas de gênero têm sido trabalhadas de forma transversal pelo governo federal.

Na quarta-feira (13), em bilateral com os Estados Unidos, a equipe da Casa Branca presente na reunião apontou que a violência online contra mulheres é um desafio, no âmbito do G20, tanto dos Grupos de Economia Digital quanto de Empoderamento de Mulheres. E que há uma grande expectativa com a presidência do Brasil de trabalhar para alcançar os compromissos firmados em mandatos anteriores do grupo sobre este e demais temas.

Cida Gonçalves também recebeu a ministra de Assuntos Familiares, Idosos, Mulheres e Juventude da Alemanha, Lisa Paus, na Missão Permanente do Brasil junto à ONU, na quinta-feira (14), e debateu especialmente sobre políticas públicas voltadas à economia do cuidado do cuidado e justiça climática, dois temas prioritários do Brasil no G20 no âmbito do GT de mulheres, a implementação da Lei da Igualdade Salarial entre Mulheres e Homens no Brasil e o orçamento público com perspectiva de gênero.

Na bilateral com a Ministra do Desenvolvimento Social da África do Sul, Lindiwe Zulu, país que assumirá a presidência do G20 em novembro, na sequência do Brasil, a ministra das Mulheres destacou logo no início da conversa a importância da troca de experiências entre os dois países na questão da paridade política, uma vez que o Brasil ocupa, no ranking internacional de mulheres na política, apenas a 142ª colocação e a África do Sul a 12ª posição entre os 193 países analisados pela ONU em relação à paridade de gêneros no Parlamento. As autoridades dos dois países consolidaram apoio para trabalharem juntas na transição da presidência do G20.

G20 no Brasil

O Grupo de Trabalho Empoderamento de Mulheres do G20 foi criado durante a presidência da Índia, em 2023, e se reúne pela primeira vez sob a presidência do Brasil em 2024, com a coordenação do Ministério das Mulheres. O GT tem como propósito apoiar os países a abordarem a desigualdade de gênero e impulsionar o empoderamento das mulheres em suas diferentes dimensões.

O principal objetivo é fortalecer o debate de gênero e a disseminação de boas práticas e políticas públicas em prol dos direitos das mulheres e meninas entre os países do G20.

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