YOUTH 20

Um em cada 5 jovens no mundo não trabalha nem estuda: secretário-geral da OIJ fala sobre o futuro do mercado de trabalho para esta população

O Organismo Internacional de Juventude (OIJ) para Iberoamérica é o único organismo internacional público orientado especificamente para as juventudes. Max Trejo, secretário-geral da entidade, participou da Cúpula do Youth 20 e tratou sobre a questão da empregabilidade de jovens no cenário internacional, em um cenário de avanços das tecnologias e da transição verde.

08/09/2024 07:00 - Modificado há um mês
As taxas de desemprego entre jovens são preocupantes em todo o mundo. Foto: Divulgação/GettyImages
As taxas de desemprego entre jovens são preocupantes em todo o mundo. Foto: Divulgação/GettyImages

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em relatório divulgado no último ano, revelou que um a cada cinco jovens no mundo, mais exatamente 20,4% da juventude, nem trabalha, nem estuda. No Brasil, a condição não é menos preocupante que a do cenário mundial. A média de desemprego entre jovens é, em geral, o dobro da média integral. Quais caminhos possíveis para superar essas estatísticas, e como pode o G20 cooperar no encontro de soluções? 

Durante a semana de atividades intensas da Cúpula do Y20, o G20 Brasil teve a oportunidade de conversar com Max Trejo, secretário-geral do Organismo Internacional de Juventude (OIJ) para Iberoamérica, único organismo internacional público orientado especificamente para as juventudes. Na ocasião, o diplomata mexicano abordou a questão da empregabilidade de jovens e demais temas inerentes a agenda daqueles que são, em um mesmo espaço-tempo, o presente e o futuro das nações. “Metade da população é jovem e os jovens não são importantes pelo número que representam, mas pelas ideias disruptivas, pela força transformadora, pela capacidade que têm”, colocou ele.

Ao longo da sua carreira, Max Trejo tem-se destacado como consultor internacional, diplomata e empreendedor em questões de inovação digital. Foto: Audiovisual/G20
Ao longo da sua carreira, Max Trejo tem-se destacado como consultor internacional, diplomata e empreendedor em questões de inovação digital. Foto: Audiovisual/G20

Sobre os obstáculos enfrentados pela juventude para inserção no mercado de trabalho, o secretário-geral expôs que essa não é uma problemática recente, mas sim de matriz histórica, imposta por diferentes fatores sociais, educacionais e de mercado, mas que, de fato, intensificou-se durante a pandemia de Covid-19 e no pós que vivemos agora. Porém, Trejo indica o que pode ser um ponto de virada. “Sou um otimista de que os jovens possam enfrentar estes desafios e chegar a soluções, mas os governos têm de fornecer uma melhor orientação na formação e na transição, fortalecer-nos nas competências que o mundo do trabalho demanda. Em suma, uma fotografia do mundo atual é de que, por um lado, vemos que os jovens duplicam ou triplicam os níveis de desemprego em comparação com adultos e, por outro lado, vemos empresas e atores que não encontram pessoas com as condições ou competências necessárias, aqui há uma lacuna que podemos fechar”, disse o diplomata.

“Por exemplo, a digitalização: se avançarmos em uma direção que os jovens não apenas consumam tecnologia, mas produzam tecnologia, em que tenhamos, além de aptidões digitais, competências digitais. Assim vamos capacitar a juventude para uma empregabilidade muito mais imediata. Estou otimista de que no mundo do trabalho, devido à transformação dos empregos e das circunstâncias, os jovens podem ser vencedores, mas temos de ser criativos, não temos de recorrer a esquemas tradicionais”, complementou.

O relatório “Futuro do Empregos”, publicado no último ano pelo Fórum Econômico Mundial, dá conta exatamente do que o secretário-geral do OIJ apresentou. De acordo com a publicação, até 2027, cerca de 23% dos empregos vão mudar, e a transição verde e novas tecnologias serão os principais motores destas mudanças. “Os empregos de crescimento mais rápido são os de especialistas em inteligência artificial e aprendizado de máquina, especialistas em sustentabilidade, analistas de inteligência de negócios e especialistas em segurança da informação”, destaca o texto. Um caminho às juventudes que pretendem se inserir no novo mercado de trabalho e também às que ainda não decidiram os rumos de seus estudos técnicos e/ou universitários.

A OIJ hoje lidera a Nova Agenda de Juventude, um esforço coletivo junto ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A agenda trabalha os temas de inclusão, meio ambiente e governança, em diálogo direto com os eixos prioritários ao G20 Brasil.

Ibero-América no G20

A Ibero-América compreende os países da América Latina onde o português ou espanhol são as línguas predominantes, em regra territórios colonizados pelos então impérios Espanhol e Português. A Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) tem entre seus países-membros e observadores também países do continente africano em que o português é a língua oficial, além dos europeus Espanha e Portugal. No G20, 20% dos países (Angola, Argentina, Brasil, Espanha, México e Portugal) compõem a OEI.

Além da participação do OIJ na Cúpula de juventudes das maiores economias do mundo, a própria OEI vem participando de diversos momentos de reunião do fórum. Também no último mês, no escopo das agendas do Grupo de Trabalho de Cultura, aconteceu a primeira reunião de vice-ministros de Cultura ibero-americanos para Economia Criativa, em que ficou deliberada a presidência brasileira nos próximos dois anos.

Países ibero-americanos pela empregabilidade juvenil: cooperação Brasil-Espanha

Em julho, o governo brasileiro recebeu representantes do Ministério do Trabalho e Economia Social da Espanha para compartilhar experiências exitosas dos países na pauta e aprimorarem ações neste rumo. Na atualidade, a Espanha é a nação europeia com um dos melhores resultados de empregabilidade entre jovens de 15 a 24 anos. Em 15 anos, a taxa de desemprego nesta faixa etária caiu de 52% para 21% no país. Entre diversos fatores, como a reforma trabalhista de 2021, o plano Garantia Juvenil (uma iniciativa europeia para inserção de jovens no mercado de trabalho) e a estratégia espanhola de apoio ao emprego colaboraram para esta marca. Na oportunidade, o Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil (MTE) destacou que o Brasil alcançou um recorde na contratação de jovens por meio da Lei da Aprendizagem, pela qual, neste ano, mais de 600 mil jovens aprendizes foram admitidos.

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