TRILHA DE FINANÇAS

Trilha de Finanças debate igualdade e empoderamento das mulheres

De acordo com a ONU Mulheres, uma em cada dez mulheres vive hoje em condição de extrema pobreza (10,3%). Para debater medidas de combate a desigualdades entre mulheres e homens na economia global, aconteceu nesta quarta (18), por videoconferência, a reunião Trilha de Finanças e o Grupo de Trabalho de Mulheres do G20. Cerca de 150 membros de ministérios das Finanças e Bancos Centrais de países membros e convidados participaram do encontro.

18/09/2024 18:56 - Modificado há 18 dias
Ainda há um longo caminho a ser percorrido para alcançar a igualdade entre homens e mulheres. Mas boas práticas já dão resultado em diversos países. Crédito: Getty images
Ainda há um longo caminho a ser percorrido para alcançar a igualdade entre homens e mulheres. Mas boas práticas já dão resultado em diversos países. Crédito: Getty images

Uma em cada dez mulheres vive hoje em condição de extrema pobreza (10,3%). Segundo a ONU Mulheres, se as atuais tendências persistirem, estima-se que até 2030, mais de 340 milhões de mulheres e meninas ainda viverão na linha da extrema pobreza, o equivalente a 8% da população feminina global. Além disso, pelo menos 25% estarão em situação de moderada ou severa insegurança alimentar, vivendo com apenas 2,25 dólares ao dia.

No intuito de debater as desigualdades entre mulheres e homens na economia global, aconteceu nesta quarta-feira (18), a reunião - Trilha de Finanças do G20 e Mulheres: a busca pela igualdade e empoderamento das mulheres na construção de um mundo justo e um planeta sustentável. O encontro, realizado por videoconferência, contou com a participação de cerca de 150 membros de ministérios das finanças e Bancos Centrais dos países-membros e convidados do G20 e de organismos internacionais. A reunião foi a primeira atividade conjunta entre o Grupo de Trabalho de Empoderamento das Mulheres, da Trilha de Sherpas, e a Trilha de Finanças, para a construção de mais uma ponte de diálogo entre as duas trilhas.

O objetivo foi realizar um debate para identificar a transversalidade da temática da igualdade entre homens e mulheres nos diferentes grupos de trabalho, tendo em vista a centralidade do empoderamento das mulheres na construção de um mundo mais justo e sustentável. A iniciativa partiu da necessidade de alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS 5) que busca conquistar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. E também alcançar os acordos estabelecidos em demais tratados e convenções nos quais os países do G20 são signatários, como a Declaração de Beijing de 1995, que prevê a autonomia econômica da mulher entre seus compromissos.

Reunião por videoconferência da Trilha de Finanças e do GT de Mulheres do G20: a busca pela igualdade e empoderamento das mulheres na construção de um mundo justo e um planeta sustentável. Crédito: Audiovisual G20 Brasil
Reunião por videoconferência da Trilha de Finanças e do GT de Mulheres do G20: a busca pela igualdade e empoderamento das mulheres na construção de um mundo justo e um planeta sustentável. Crédito: Audiovisual G20 Brasil

Segunda a socióloga e primeira-dama do Brasil, Janja Lula, o mundo ainda está longe de alcançar a igualdade de gênero proposta no ODS 5 da Agenda 2030. “O aprofundamento das crises climática e alimentar, tem levado ainda mais mulheres para a pobreza e insegurança alimentar. Situação reforçada pelas barreiras para acessar ferramentas que poderiam contribuir para sua recuperação financeira e resiliência”, afirmou Janja. Sendo que esse cenário reforça a necessidade e importância de políticas públicas sociais, como o Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos, que no caso do Brasil, demonstram que o investimento econômico do Estado pode voltar para as mulheres e gerar resultados significativos.

A embaixadora Tatiana Rosito, coordenadora da Trilha de Finanças do G20, destacou alguns temas tratados na reunião, como a inclusão financeira das mulheres e a economia do cuidado, que nem sempre é monetizada. Ela também enfatizou como o atual sistema tributário internacional não favorece as mulheres, pois elas pagam relativamente mais impostos indiretos, já que produtos de uso exclusivo feminino ou relacionados ao trabalho de cuidado, como absorventes, anticoncepcionais ou fraldas, não são, em geral, considerados essenciais e apresentam alíquotas mais altas quando comparados aos bens considerados essenciais.

Ela explicou que a tributação indireta tem maior relevância na carga tributária de países em desenvolvimento comparativamente a países desenvolvidos, já que suas economias são menos formalizadas, o que torna a base tributária sobre o consumo mais ampla do que aquela que incide sobre a renda. Essa discrepância faz com que as mulheres dos países em desenvolvimento sejam proporcionalmente mais afetadas pela regressividade da tributação do consumo. “Por exemplo, a maior parte inclusive dos bilionários são homens, então começando por isso nós trouxemos uma agenda de tributação progressiva em que todos possam dar a sua contribuição justa”, afirmou.

Rosito reforça que mecanismos podem ser criados como incentivos financeiros para quem faz o trabalho de cuidado, e citou o exemplo de Singapura onde avós recebem ajuda financeira para cuidar dos netos, o que proporciona às mulheres com filhos a voltar ao trabalho com tranquilidade. Ela ainda comemorou a data da reunião – 18 de setembro – dia da celebração da igualdade salarial.

De acordo com a secretária-executiva do Ministério das Mulheres, Maria Helena Guarezi, a reunião teve um consenso sobre a importância da participação das mulheres nos espaços de decisão e no mercado de trabalho remunerado. Porque hoje a economia mundial de alguma forma se sustenta também no processo do trabalho não remunerado das mulheres. “Precisamos quebrar barreiras que impedem as mulheres de estar nesse trabalho remunerado, e também ajudar elas a ascender na carreira e estar nos espaços de decisão”, disse a secretária. Ela ainda se disse feliz em discutir o processo para fazer com que as mulheres sejam percebidas nos seus fazeres e saberes para contribuir com uma economia com desenvolvimento e parabenizou a Trilha de Finanças pelo evento.

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