“Faz um Pix”: exemplo de boa prática para países do G20, sistema incluiu milhões de brasileiros no sistema financeiro
De acordo com dados do Banco Central brasileiro, até dezembro de 2022 o Pix tinha sido responsável por incluir 71,5 milhões de usuários no sistema financeiro e a maioria das transações são realizadas de pessoa para pessoa. A Parceria Global para a Inclusão Financeira apresentou o exemplo do Pix no Brasil para mostrar que o custo de transações para os cidadãos pode ser reduzido, com acréscimo de bem-estar.
A dona de casa Maria Aparecida Moreira dos Santos mora na chácara da família onde cultiva alguns alimentos e um jardim na zona rural do município de Cocalzinho de Goiás, no estado basileiro de Goiás. A maior parte de sua vida não teve uma conta bancária e utilizava dinheiro em espécie no seu dia a dia. Maria Aparecida diz que antigamente tinha muita burocracia para abrir uma conta em bancos e ela não pensava em ter uma.
Mas os tempos mudaram e, há cerca de quatro anos, ela pagou R$ 60 e conseguiu uma conta poupança na Caixa de uma forma mais rápida e fácil. Depois, sua filha abriu para ela uma outra em um banco digital - inclusive, na visão de Maria Aparecida, um serviço ainda mais atraente que o dos bancos convencionais pois, ela conta, as taxas dos serviços bancários são mais baixas e o retorno financeiro maior.
Então, em 2020, o Banco Central lançou o Pix - um mecanismo de pagamento instantâneo em que os recursos são transferidos entre contas em poucos segundos, a qualquer hora ou dia. E para Maria Aparecida foi uma inovação que facilitou muito a vida das pessoas que moram no interior e precisam se deslocar por longas distâncias até a cidade mais próxima. “O Pix é melhor porque tem como receber, transferir, pagar, e, às vezes, a gente não tem condição de ir até onde está a pessoa na cidade para receber um dinheiro e ela faz o pix para gente, ficou muito fácil”, comemora Maria.
Pagamentos mais eficientes, seguros e inclusivos
Depois de anos de estudo e planejamento, o Pix foi lançado para tornar o mercado de pagamentos de varejo brasileiro mais eficiente, seguro, competitivo e inclusivo. Alguns dos objetivos na época eram reduzir o custo das transações eletrônicas, democratizar o acesso a meios eletrônicos de pagamento e contribuir para a inclusão financeira e digital dos brasileiros. Já que foi constatado, por meio de pesquisa do banco, que o dinheiro em espécie ainda era o meio de pagamento mais utilizado no país em 2019. O estudo revelou que 77% das transações realizadas pelos brasileiros utilizavam o dinheiro como meio de pagamento.
No entanto, hoje em dia a expressão “faz um Pix” tornou-se popular entre as pessoas e o serviço vem revolucionando a maneira de fazer pagamentos e transferências. Até o dia 31 de julho deste ano, 152.250.877 de usuários pessoa física estavam cadastrados e mais 14.777.162 de usuários pessoa jurídica, totalizando 167.028.039 milhões de usuários no Brasil. É um número expressivo em um país com pouco mais de 200 milhões de habitantes.
De acordo com dados do Banco Central brasileiro, até dezembro de 2022, o Pix tinha sido responsável por incluir 71,5 milhões de usuários no sistema financeiro e a maioria das transações são realizadas de pessoa para pessoa. No mês de julho foram 48% frente a 39% das transações de pessoa para empresa. Resultando em perto de 2 bilhões de reais o valor das transações Pix efetuadas no Sistema de Pagamento Instantâneo (SPI) durante o mês. Sendo o Sudeste a região líder no uso do Pix e em seguida o Nordeste do Brasil.
Depois de anos de estudo e planejamento, o Pix foi lançado para tornar o mercado de pagamentos de varejo brasileiro mais eficiente, seguro, competitivo e inclusivo. Alguns dos objetivos na época eram reduzir o custo das transações eletrônicas, democratizar o acesso a meios eletrônicos de pagamento e contribuir para a inclusão financeira e digital dos brasileiros. Já que foi constatado, por meio de pesquisa do banco, que o dinheiro em espécie ainda era o meio de pagamento mais utilizado no país em 2019. O estudo revelou que 77% das transações realizadas pelos brasileiros utilizavam o dinheiro como meio de pagamento.
Inclusão financeira em pauta no G20
Nos últimos anos, o setor financeiro e de serviços de pagamento tem desenvolvido novos modelos de negócio e soluções inovadoras como consequência da intensificação na adoção de novas tecnologias por pessoas, empresas e governos, como, por exemplo, a popularização dos smartphones e dos aplicativos de bancos. A partir da implantação do primeiro sistema de pagamentos instantâneos em 2001, na Coreia do Sul, diversas outras iniciativas se proliferaram em todo o mundo. No âmbito do G20, pensar em modelos de inclusão financeira e no compartilhamento de conhecimento entre os países membros e também os não pertencentes ao grupo está a cargo da Parceria Global para a Inclusão Financeira.
Segundo Luis Mansur, chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central, nos últimos anos, a Parceria Global vinha centralizando suas discussões muito no acesso e no uso de produtos e serviços financeiros para pessoas como Maria Aparecida. “Porque, quando o tema da inclusão financeira entrou na agenda global, a exclusão era tal que era natural para os países concentrarem-se principalmente no acesso aos serviços financeiros”, afirmou.
E o Pix foi apresentado, na última reunião da Parceria no mês passado em Fortaleza, como um exemplo de boa prática para outros países, mostrando que se pode reduzir o custo de transações para os cidadãos com acréscimo de bem-estar. A diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central, Carolina Barros, lembra ainda que “nós sabemos que inclusão financeira não é meramente um conceito econômico. O acesso a produtos financeiros de qualidade empodera indivíduos, fomenta o empreendedorismo e impulsiona o crescimento econômico”.
Já a proposta da presidência brasileira é ampliar o foco das discussões para além desses dois aspectos, focando na melhoria da qualidade dessa inclusão e no bem-estar financeiro da população. Tendo em vista o avanço do acesso aos produtos e serviços financeiros nos últimos anos e que esse crescimento pode vir acompanhado por uma baixa qualidade dessa inclusão, ou seja, níveis altos de superendividamento. De acordo com Luis Mansur, a maioria dos países têm recebido bem a proposta brasileira.
E o Pix foi apresentado, na última reunião da Parceria no mês de julho em Fortaleza, como um exemplo de boa prática para outros países, mostrando que se pode reduzir o custo de transações para os cidadãos com acréscimo de bem-estar. A diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central, Carolina Barros, lembra ainda que “nós sabemos que inclusão financeira não é meramente um conceito econômico. O acesso a produtos financeiros de qualidade empodera indivíduos, fomenta o empreendedorismo e impulsiona o crescimento econômico”.
Neste ano, a presidência brasileira busca discutir, dentro deste grupo, uma definição de bem-estar financeiro e, a partir desse entendimento, sugerir maneiras de se mensurar esse bem-estar para um monitoramento contínuo do resultado desse processo de inclusão. Essas medidas vão tentar captar por meio de indicadores objetivos e subjetivos a vida financeira do cidadão. Seu nível de endividamento, sua relação com suas finanças e o impacto que as decisões financeiras têm sobre sua vida pessoal, familiar, social e até mesmo sobre sua saúde. Ainda pretende-se discutir métricas para a qualidade da inclusão financeira.
Participaram da última reunião, em Fortaleza, todos os países do G20 e mais sete países convidados, além de organismos internacionais como o Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre outros. A próxima reunião da Parceria Global para a Inclusão Financeira será entre os dias 26 e 27 de setembro no Rio de Janeiro (RJ).