Desinformação e clima extremo são os principais riscos globais, alerta Fórum Econômico Mundial
Relatório do Fórum Econômico Mundial destaca a emergência de desafios, colocando o clima extremo no centro das preocupações para 2024. A desinformação surge como uma ameaça crítica, especialmente em um ano eleitoral sem precedentes, com eleições acontecendo em diferentes países do mundo. A resposta eficaz a esses desafios exige ação coordenada e global
Especialistas em risco global revelaram suas preocupações no Global Risks Report, pesquisa divulgada nesta quarta-feira (10) pelo Fórum Econômico Mundial. O estudo aponta que, nos próximos dois anos, os maiores riscos para a estabilidade global são as condições climáticas extremas e a disseminação de desinformação.
Em 2024, o clima é identificado como o risco número um, enquanto as informações falsas ocupam a segunda posição, sendo considerada o risco mais grave para os próximos dois anos. Este cenário se torna ainda mais crítico em um ano eleitoral sem precedentes, no qual várias das principais economias, incluindo Estados Unidos, Índia e México realizarão eleições. Nos próximos dois anos cerca de 3 bilhões de eleitores vão ser mobilizados, incluindo países como o Paquistão, que superou o Brasil em população absoluta, Indonésia, quarto país mais populoso do mundo e o Reino Unido.
A desinformação, impulsionada pelo uso generalizado de informações imprecisas e ferramentas para sua disseminação, representa uma ameaça à legitimidade de governos recém eleitos.
A desinformação, impulsionada pelo uso generalizado de informações imprecisas e ferramentas para sua disseminação, representa uma ameaça à legitimidade de governos recém eleitos. O estudo destaca preocupações com a persistência na crise do custo de vida, informações induzidas por Inteligência Artificial (IA) e polarização social. Conflitos armados interestatais também aparecem entre as principais preocupações para os próximos dois anos, com impactos que podem variar desde protestos violentos até confrontos civis e terrorismo.
Em uma perspectiva de longo prazo, os riscos ambientais, como a perda de biodiversidade e mudanças críticas nos sistemas do planeta Terra, lideram a classificação. Dois terços dos especialistas em risco esperam uma ordem mundial multipolar ou fragmentada na próxima década.
O presidente do Fórum Econômico Mundial, Borge Brende, observou que o atual cenário geopolítico, marcado por eventos como as guerras em Gaza e na Ucrânia, aumenta a complexidade do 54º encontro anual do fórum, agendado para Davos na Suíça entre os dias 15 a 18 de janeiro. O relatório é baseado nas opiniões de mais de 1.400 especialistas em risco global e foi elaborado em colaboração com a Zurich Insurance e a Marsh McLennan.
A pesquisa reflete uma visão pessimista, influenciada por desafios globais recentes, incluindo a pandemia de Covid-19 e eventos geopolíticos responsáveis pela quebra constante das redes de abastecimento e suprimento. Os especialistas destacam a necessidade de maior cooperação internacional para enfrentar desafios e assegurar um futuro resiliente e sustentável.
A presidência brasileira do G20 está concentrada em fortalecer laços globais e promover esforços conjuntos para atuar em questões críticas, como as apontadas no relatório do Fórum Econômico Mundial. Grupos de Trabalho como Economia Digital, que atua no combate à desinformação, e a Força-Tarefa Mobilização Global contra a Mudança do Clima, proposta pelo Brasil, são exemplos de fóruns do Grupo que têm a missão de propor consensos e propostas concretas para os graves problemas apontados.