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Boletim G20 Ed. 230 - Queimadas e crise do clima: seca de 2023/2024 é a mais severa da história recente, apontam registros

O impacto das queimadas e o debate do clima global são temas urgentes no centro do debate no G20. Nos últimos meses, as queimadas no Brasil aumentaram, agravadas principalmente pela ação humana. Os problemas que aceleram as mudanças do clima estarão em debate entre os dias 1 e 3 de outubro, no Rio de Janeiro, nas reuniões técnicas e ministerial do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade Climática e Ambiental do G20. Ouça a reportagem e saiba mais.

01/10/2024 07:56

Repórter: As queimadas têm se tornado uma questão ambiental crítica, com impactos severos no meio ambiente, na economia e na saúde pública. Do ponto de vista ambiental, os prejuízos são enormes. A destruição de biomas como a Amazônia resulta na perda de biodiversidade e na regulação do ciclo da água. 

Já do ponto de vista econômico, os prejuízos incluem questões como a perda de recursos florestais, danos à agricultura local e regional e altos custos com combate aos incêndios. Também há implicações na saúde pública, onde a inalação de fumaça causa doenças respiratórias. O governo brasileiro, por meio do Ibama, já mobilizou 3,5 mil profissionais que trabalham nos biomas da Amazônia, Cerrado e Pantanal.

A Polícia Federal já abriu 96 inquéritos para investigar os incêndios que se alastraram pelo Brasil. As apurações indicam que a maioria das queimadas foi provocada de forma intencional. A presidência do Brasil colocou as mudanças do clima como um dos principais temas do G20, como explica André Aquino, coordenador do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade Climática e Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. 

André Aquino: Então, basicamente, o que nós tentamos fazer é trabalhar com os países do G20 para acordar o aumento de financiamento disponível, a facilitação de acesso ao financiamento que já existe, garantir que esse dinheiro chegue onde ele deve chegar, inclusive para países mais vulneráveis. 

Repórter: Ana Paula Cunha, pesquisadora de secas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), relata que o período entre 2023 e 2024 registrou a seca mais intensa e extensa desde que o órgão começou a monitorar esses eventos. 

Ana Paula Cunha: Indo um pouco mais para trás, utilizando dados históricos, a gente fez essa análise para dizer, tá, essa seca está bem anormal de tudo que a gente já viu, mas será que ela é, na história recente, a mais intensa, a mais extensa? Aí foi que nós fomos fazer outras análises. Então, com base em duas fontes de dados diferentes, nós chegamos à mesma conclusão, e só depois disso que a gente afirmou. Sim, é realmente a mais intensa e extensa da história recente.

Repórter: Outro exemplo de queimadas vem do estado de São Paulo, que em agosto deste ano viveu um dos períodos mais críticos, conforme dados apresentados por Fabiano Morelli, chefe do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). 

Fabiano Morelli: Neste ano, tivemos 5.281 focos registrados. Essa diferença representa 378% de aumento no mesmo período. As condições meteorológicas observadas favoreceram muito a propagação do fogo durante este período.

Repórter: No cenário mundial, a emissão de gases de efeito estufa e o aquecimento global resultam em fenômenos meteorológicos mais severos e devastadores, atingindo todas as regiões do planeta de diferentes maneiras. Países da Europa, Estados Unidos e da Ásia têm enfrentado temperaturas recordes. Com secas prolongadas na África, por exemplo, a produção de alimentos está em risco.

Os assuntos que envolvem os problemas do clima estarão em debate entre os dias 1 e 3 de outubro, no Rio de Janeiro, quando serão realizadas reuniões técnicas e ministerial do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade Climática e Ambiental do G20.

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