ECONOMIA DIGITAL

Governo, academia e sociedade civil discutem estratégias para enfrentar a desinformação sobre mudanças climáticas

Especialistas destacam a importância da integridade da informação para enfrentar a desinformação sobre mudanças climáticas em painel de evento paralelo do GT de Economia Digital do G20, em São Paulo. Entre os temas abordados estão desde a divulgação de informações sobre as populações indígenas até a necessidade de uma cobertura jornalística mais abrangente e precisa sobre a questão ambiental.

01/05/2024 18:10 - Modificado há 15 dias
Foto: Audiovisual G20 Brasil
Foto: Audiovisual G20 Brasil

A promoção da integridade da informação como fundamental para o enfrentamento da crise climática, foi tema de painel no evento do grupo de trabalho de Economia Digital do G20, nesta quarta-feira, 1/5, em São Paulo. Sônia Guajajara, ministras dos Povos Indígenas do Brasil (MPI)), considerou que levar informação de qualidade para as pessoas é fundamental para combater as narrativas de desinformação que disseminam discriminação contra indígenas no país, principais protetores da biodiversidade no mundo. 

“O desconhecimento da sociedade sobre quem são os povos indígenas faz com que qualquer mentira divulgada seja levada como verdade. O esforço do MPI é por estratégias, por meio da educação, da saúde e da imprensa, para levar informação verídica sobre quem são os povos indígenas, onde estão e o que estão fazendo para conter a violência que acontece não só nas cidades, mas dentro dos nossos territórios e preservar a biodiversidade”, explicou a ministra. 

João Guilherme Bastos dos Santos, diretor de análise do Democracia em Xeque, falou sobre as estratégias para combater a desinformação sobre os impactos das mudanças climáticas. Segundo Santos, o Brasil ainda conta com áreas em situação de “deserto noticioso”, com dificuldades de acesso às informações e, nesses casos, as ações passam por compreender a realidade de cada grupo. “Precisamos ir além da concepção de desmentir o que está na internet para entender como aquilo é interpretado em cada uma das culturas”, indicou. 

De acordo com Angie Holan, diretora  do International Fact-Checking Network, na mesma medida que houve aumento do negacionismo e da desinformação sobre mudanças climáticas, os métodos de verificação de informações também se aprimoraram nos últimos anos. Holan destacou o papel do jornalismo para ajudar a frear a disseminação de mentiras e conteúdos falsos. “Há muito negacionismo sobre mudanças climáticas, mas parece que isso está regredindo. O jornalismo é importantíssimo para contribuir para a criação da percepção individual sobre os efeitos climáticos extremos”, considerou. 

A diretora global de Sustentabilidade e Parcerias do Google, Antonia Gawel, contou que a plataforma tem como responsabilidade fornecer o tipo certo de informação que pode impulsionar a criação de políticas públicas. Ela contou ainda que as buscas relacionadas às mudanças climáticas aumentaram nos últimos anos e são “uma tendência constante e consistente”. “Queremos que as pessoas encontrem informações de qualidade, que forneçam perspectivas científicas sobre os efeitos e o que pode ser feito para conter a crise climática”, disse. 

A professora doutora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil), Marie Santini, apresentou os resultados de uma análise sobre a cobertura noticiosa da questão ambiental no Brasil, revelando que tanto o ecossistema de comunicação como a imprensa tradicional focam mais nas questões econômicas do que nos impactos sociais das mudanças climáticas. 

“O grande problema é que não estamos diante de narrativas, mas de um problema sistêmico que não é isolado. Começa com a precariedade da cobertura da imprensa com relação à questão ambiental. Crises aparecem porque existe a preparação de um terreno para que as narrativas ganham forma”, apresentou Santini, salientando que outras questões também impulsionam a desinformação sobre o tema como, por exemplo, conteúdos falsos disseminados por políticos de extrema direita e organizações ligadas ao agronegócio. 

Com moderação de Hannah Balieiro, diretora executiva do Instituto Mapinguari, os participantes também elencaram os papéis da sociedade civil, universidade e governos para atuarem juntos no combate à desinformação climática. O painel está disponível na íntegra no canal do Youtube do G20 Brasil.

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