Think Tanks: Transformação global com participação social
Revitalização do multilateralismo e implementação de um modelo de desenvolvimento que considere a transição para uma economia verde foram temas de discussão da primeira reunião do grupo de engajamento Think Tank 20 (T20) Brasil.
Diante dos desafios de propor um modelo de desenvolvimento que leve em conta, em toda a cadeia produtiva, uma urgente transição verde, aconteceu em março, a primeira reunião conjunta das forças-tarefa propostas pelo grupo de engajamento Think Tank 20 Brasil (T20). Nela, os participantes discutiram a revitalização do multilateralismo e a implementação de políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável. A pauta girou em torno das propostas de policy briefs selecionadas e dos temas e critérios usados para classificar a abordagem desses trabalhos.
Os coordenadores das forças-tarefa dialogaram sobre propostas selecionadas que servirão de base para recomendações aos líderes dos países-membros do G20. Com a participação de dezenas de representantes de think tanks nacionais e internacionais, a conferência delineou diretrizes para a formulação das propostas e soluções que serão apresentadas aos líderes dos países-membros do G20, enfatizando a importância da cooperação internacional na abordagem dos desafios globais.
“Falhamos, como economistas, em verdadeiramente integrar as mudanças climáticas no pensamento econômico. Embora tenhamos alguns novos economistas brilhantes que estão pensando sobre isso, o jeito usual de lidar com a economia não incorporou a questão das mudanças climáticas como deveria”.
Convergência de prioridades
O assessor Internacional da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Westmann, destacou a busca por propostas inclusivas, especialmente na redução das desigualdades e no combate às mudanças climáticas. "Não podemos elaborar e aplicar políticas públicas sem olhar para aqueles que serão afetados diretamente por elas", afirma. Ele acredita que a necessidade de ouvir e considerar as perspectivas das pessoas afetadas, enfatizando a importância do engajamento social para a construção de soluções globais efetivas. “A participação social será um legado da presidência brasileira”, adiantou Westmann.
Ele reforçou o compromisso do governo brasileiro em ampliar a participação e a influência de diferentes agentes nos processos decisórios do G20 e destacou a convergência entre as discussões do T20 e as prioridades apresentadas pela presidência brasileira do Fórum, apontando para um alinhamento estratégico entre os diferentes atores envolvidos.
Emergência climática
Também participou do debate o embaixador André Corrêa do Lago, secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). “Acredito que podemos fazer do G20 uma ponte para as principais lacunas que percebemos no sistema internacional (como a governança global). As discussões e propostas podem nos permitir fazer uma transição para uma economia e uma estrutura internacional que leve em consideração as mudanças climáticas no caminho do desenvolvimento”, enfatizou o embaixador.
Corrêa Lago é também economista e participa como um dos coordenadores da Iniciativa de Bioeconomia do G20. “Falhamos, como economistas, em verdadeiramente integrar as mudanças climáticas no pensamento econômico. Embora tenhamos alguns novos economistas brilhantes que estão pensando sobre isso, o jeito usual de lidar com a economia não incorporou a questão das mudanças climáticas como deveria”, afirmou.
Think Tank 20
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) e o Cebri, que compõem a Secretaria do T20, convidaram os participantes a contribuir, abordando os desafios e oportunidades enfrentados pelo G20 durante e após a presidência brasileira. Nos dois dias, falaram representantes das forças-tarefa que compõe o T20 que são as de Comércio e Investimento para um Crescimento Sustentável e Inclusivo, Reforma da Arquitetura Financeira Internacional, Ação Climática Sustentável e Transições Energéticas Justas e Inclusivas, e Transformação Digital Inclusiva.
Com a conclusão da conferência inicial, o T20 Brasil volta a se reunir em julho para a conferência intermediária, onde serão apresentadas as recomendações finais das forças-tarefa. O objetivo é debater e elaborar propostas concretas a serem encaminhadas ao G20, consolidando o papel do T20 como um fórum de engajamento e cooperação global.