Mudanças climÁticas

Presidente francês reforça apoio a agenda climática e preservação da Amazônia

O presidente da França Emmanuel Macron, da França, iniciou sua visita ao Brasil, a convite do presidente Lula, na Ilha de Combu, no Pará, onde o cacique Raoni Metuktire foi condecorado com a mais alta condecoração concedida pelo governo francês. Na ocasião, os presidentes adotaram declarações na área ambiental, prioridade do mandato brasileiro no G20. Foram elas: Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além; e Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais.

27/03/2024 07:20 - Modificado há um mês
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Emmanuel Macron, durante encontro com lideranças indígenas e cerimônia de condecoração do líder indígena Raoni, na Ilha do Combu. Belém - PA. Crédito: Ricardo Stuckert/PR
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Emmanuel Macron, durante encontro com lideranças indígenas e cerimônia de condecoração do líder indígena Raoni, na Ilha do Combu. Belém - PA. Crédito: Ricardo Stuckert/PR

Na agenda, a Condecoração da Ordem Nacional da Legião de Honra ao cacique Raoni Metuktire, que a recebeu das mãos do presidente da França, Emmanuel Macron. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diversas autoridades acompanharam a homenagem, que se revestiu de grande significado para os povos indígenas brasileiros.

Instituída em 20 de maio de 1802 por Napoleão Bonaparte, a honraria é a maior condecoração oferecida pelo Governo da França e é concedida aos cidadãos franceses e a estrangeiros que se destacam por suas atividades no cenário global. “Senhor Raoni Metuktire, em nome da República Francesa, considere-se Cavaleiro da Legião de Honra”, afirmou o presidente Macron, ao entregar a comenda ao líder indígena, de 92 anos.

Falando em seu idioma, Raoni afirmou que seguirá em sua luta. “Eu nunca concordei com desmatamento, com extração de madeira, com extração de minério, ouro, essas explorações, essa destruição. Eu fico preocupado que o homem branco continue fazendo esse tipo de atividade. A gente está sentindo a mudança do clima, estamos sentindo o calor, e eu fico preocupado porque se esse trabalho de destruir continuar podemos ter problemas sérios para todos nós no mundo”, alertou.

Em sua fala, o presidente Lula lembrou os compromissos assumidos durante seus três mandatos como presidente da República e reforçou a meta do Brasil de alcançar o desmatamento zero até 2030. “Tenho certeza absoluta de que o nosso governo já é o governo que mais remarcou terra indígena e é o governo que vai continuar remarcando terra indígena e vai continuar remarcando parques de reservas florestais para que a gente evite o desmate. Nós temos um compromisso de até 2030 chegarmos a zero por cento de desmatamento na Amazônia. Não foi ninguém que pediu para nós, não foi nenhuma convenção que pediu para nós, fomos nós no governo que decidimos que a gente vai levar a luta contra o desmatamento como uma profissão de fé. A gente vai provar ao mundo que nós vamos preservar a nossa Amazônia”, afirmou Lula.

Apelo de Belém

Os dois presidentes anunciaram também que os governos brasileiro e francês firmaram o chamado "Apelo de Belém" (Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além), acordo que visa a apoiar a agenda climática, a preservação da Amazônia e os povos indígenas, em várias frentes.

“Com o presidente Lula, decidimos lançar o Apelo de Belém, onde, juntos, vamos avançar nesse combate e tomar decisões muito concretas. Vamos investir, cada um, um bilhão de dólares, cada país, para a biodiversidade e atividades econômicas compatíveis com o interesse dos povos indígenas, que lhes permitam ter perspectivas de desenvolvimento e conservar a nossa floresta”, detalhou Macron.

“Vamos também relançar atividades de cooperação e a luta contra o garimpo ilegal e a luta contra todos os interesses financeiros de curto prazo que venham aqui ameaçar a floresta. O que nós queremos fazer é preservar, conhecer melhor, multiplicar a cooperação científica, assumir estratégias de apoio aos povos indígenas e, juntos, realizar ações de investimentos da bioeconomia para que isso cresça”, prosseguiu o presidente da França.

Plano de Ação

Durante a passagem por Belém, os presidentes Lula e Macron adotaram duas importantes declarações na área ambiental: o Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além; e o Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais.

No primeiro, os dois líderes comprometeram-se a trabalhar, em âmbito bilateral e multilateral, para fazer da ação contra a mudança do clima uma prioridade estratégica. Lula e Macron sublinharam a importância de um multilateralismo eficaz, renovado e inclusivo, sob a égide das Nações Unidas, notadamente para fazer frente às múltiplas crises sociais e ambientais em curso.

Já no Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais os dois países trabalharão para promover a proteção florestal tendo em vista a realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas - COP30, que será realizada em Belém, em 2025.

Leia a íntegra do pronunciamento do presidente Lula